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Quando os médicos pensam que são deuses

  • Foto do escritor: Bibiane Ferreira
    Bibiane Ferreira
  • 6 de fev.
  • 2 min de leitura

Quantos dias cabem dentro de “horas”? Não são, afinal, semanas, meses e até décadas, séculos, constituídos de horas? Como podem sequer afirmar que alguém não tem mais salvação, se é inerente da morte ser imprevisível?

Se eutanásia não é uma opção, por que desistir de lutar pela vida de alguém seria? Qual o intuito de reanimar uma pessoa que já estava morta para deixá-la morrer aos poucos? Talvez tudo se explique pelo fato de que os médicos vão para suas casas como se nada no mundo estivesse fora do lugar, para aproveitar suas próprias famílias enquanto a família do paciente, da vítima, é obrigada a esperar uma ligação do hospital que nunca chega para dar fim ao tormento. Porque não são os médicos que cravaram a sentença de “não há nada a ser feito” que precisa ver os dias passarem letárgicos enquanto planejam um velório e se revezam para a visita da UTI, para a visão de alguém se decompondo enquanto o coração ainda luta para viver. Alguém que faz de tudo para não morrer.

O circo piora quando afirmam que é melhor assim do que deixar alguém sofrer, que a pessoa, quando está sedada, não sofre. Mas que persistir com os tratamentos seria “judiaria”... Meio contraditório dizer que alguém que não sofre mais estaria sendo “judiado”. Algo aqui não faz sentido. Será que viram em suas bolas de cristal que a pessoa “sofreria mais no futuro”, como costumam de alegar?

Quando trazem o “tempo de Deus” para o assunto então, nem se fala. Quem diabos sabe o qual o tempo de Deus? Sermão religioso cabe a padres e pastores, não a médicos. Ninguém vai ao hospital por um prêmio de consolação.

A questão é que, quando se busca uma consulta e uma intervenção com antecedência, um conjunto de médicos diferentes, dá opiniões diferentes, despreocupadas, os procedimentos são marcados dali a semanas ou meses e ninguém bate um martelo quanto a um diagnóstico, mas é só as coisas enfeiarem que todos passam magicamente a se apoiar e a dizer que não tinha mais o que fazer, que já era tarde demais.

Mas e quando havia tempo e tudo foi adiado, protelado?

A família, desesperada, confia, aceita, espera. Mas sem esperança, porque esta lhes foi arrancada.

“É questão de horas”.

Horas em que alguns sofrem enquanto outros não fazem nada.



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