Existe qualidade de atuação em série de fantasia adolescente?

Quando pensei em uma atuação memorável, lembrei-me imediatamente de Dylan O'Brien em Teen Wolf. Essa série, apesar de ser incrível e sensacional para mim, com certeza não é um clássico do cinema. A terceira temporada, contudo, soube aproveitar em especial os nuances da brilhante atuação de Dylan (com apenas 21 anos na época), porque ele deixa de ser apenas um personagem carismático, engraçado, sarcástico e bem construído, o qual acompanhamos desde o primeiro episódio da série; como também passa a representar o vilão da segunda parte dessa temporada (do episódio 17 até o episódio 24).

Dylan precisa explorar dois personagens distintos e também construir a relação entre eles durante o processo de possessão de Stiles por uma entidade maligna. O ator transita entre uma personalidade extremamente cansada e assustada; à outra que representa destruição sem remorso e se deleita com o pavor que produz.

O ator claramente dá tudo de si e a oscilação entre as personalidades são impecáveis e facilmente distinguíveis apenas com expressões faciais e olhares. As cenas em que Stiles luta contra as vozes de sua cabeça demonstram tanta perturbação e sofrimento que chegamos a esquecer que se trata de ficção e nos faz imediatamente desejar consolar aquele personagem. Dylan demonstra tanta emoção em suas ações e gestos que é impossível não detestar uma personalidade pelo que ela faz com a outra.

O ator representa toda a tensão de Stiles fisicamente: seus músculos se tensionam, as lágrimas escorrem, as veias saltam sob a pele e sua voz é instável, entrecortada e desesperada. Por outro lado, vemos o nogitsune completamente calmo, preciso e concentrado, até mesmo com um tom de ironia no rosto.

Séries voltadas para adolescentes (principalmente com criaturas sobrenaturais) são cheias de atores e atrizes excelentes que, infelizmente, por puro preconceito, não recebem todo o reconhecimento que merecem: Teen Wolf não é exceção.